sábado, 7 de março de 2009

20º Dia - 18/2 - Isla del Sol (Lago Titicaca)

Hoje não quero falar sobre a logística do dia da viagem. Nem quanto gastamos, nem como chegamos. E em algumas partes vou escrever especialmente em primeira pessoa.

Na noite do dia 14 de janeiro deste ano, não consegui dormir. Era uma mistura de euforia com ansiedade e medo. Eu e o Túlio tínhamos acabado de ter a idéia de fazer esta viagem. Eu, contava na minha cabeça, quantos sonhos realizaria: 6.

- Conhecer mais uma capital do Brasil: Campo Grande
- Conhecer Bonito
- Conhecer o Pantanal
- Conhecer a Bolívia
- Conhecer o Peru
- Conhecer Machu Picchu

Conhecer o Atacama também era um sonho, mas até então nós não sabíamos que íamos...

Dentre eles o mais sonhado era Machu Picchu. Perdi as contas de quantas vezes via folhetos de excursões no mural da UnB para lá. Pensava: será que um dia eu merecerei ir lá?

Eu nunca havia pesquisado nada sobre Machu Picchu. Não sabia o que significava, nem quanto gastar e nem como chegar. Mas sabia que eu queria muito ir e vibrar com a energia do lugar.

Chegamos à Isla del Sol no meio do Lago Titicaca (amanhã eu falo do Lago).

Eram 15h quando nosso barco ancorou na parte norte da ilha e descemos com mochilas e sem rumo.

É, me falaram que seria legal dormir uma noite aqui e conhecer uns nativos...

Estávamos cansados, com muita fome, mas ainda demos algumas risadas ao ver umas vacas matando a sede na praia de água doce.

Depois de achar um albergue e de cativar a garçonete para que ela pudesse falar com a gente, devoramos um bife à milanesa surpreendentemente delicioso. A vida voltava ao nosso corpo.

Ressuscitados, nos equipamos com lanterna, bússola, faca, garrafa d’água e câmeras para caçar o pôr do sol.

Saímos radiantes com nossos apetrechos de exploradores em Lost subindo a nossa montanha.

Eu me sentia feliz. Num pensamento Google Earth, podia ver minha localização no Planeta e todo o trajeto pontilhado até chegar aqui. Estava orgulhosa das nossas aventuras e pensei: não é que essa ilha é legal mesmo?

Abre parênteses. Já ouvi dizer que boas coisas acontecem a boas pessoas. Não que eu me considere uma pessoa exemplar... Aliás, longe disso. Talvez o Túlio seja bom o bastante por nós dois. Fecha parênteses.

Enquanto subíamos pela trilha e tirávamos 428 fotos, encontramos um grupo com um guia local, índio, nascido e vivido na ilha. Um ilhado por natureza.

Educada e espertamente, ele nos convidou a seguir o grupo. Caramba – pensei – esta ilha é mágica! Tem até boliviano bem humorado e solícito! :)

Às vezes não sei se eu agradeço ou amaldiçôo minha ingenuidade...

O que importa é que encontra-lo fez toda a diferença.

Pausa para a descrição da paisagem: Sol dourado e montanhas. Lago azul intenso entre o céu e as montanhas. Montanhas com picos nevados e montanhas verdes-esmeralda. O sol deixava tudo assim... Meio brilhante. Havia barulhos do vento, dos pássaros e de crianças brincando com aviõzinhos. Ahhh! Tinham pedras grandes que abraçavam o nosso caminho. Um riacho que descia a nossa montanha abaixo. E borboletas de todas as cores. E flores!!! Lilás, amarelas, brancas, às vezes roxas com o miolo amarelo-ovo. O vento das plantações de chá segurava pela mão os cheiros de camomila, erva cidreira e hortelã (ou eucalipto).

Eu mostro fotos depois... Mas vocês sentiram a paisagem? Quando vocês fecham os olhos, os seus cabelos se mexem com o vento das camomilas? Se sim, podem dizem que estiveram lá também.

Continuando a caminhada, o guia nos mostrou a pedra sagrada. Era o lugar onde os Incas sacrificavam pessoas que iam contra alguma das suas 3 leis:

- Não mentir

- Não roubar

- Não ser preguiçoso

É estranho, mas tiramos fotos sorrindo lá. Turistões!

O guia fala que não podemos confundir a pedra com a Rocha Sagrada. E mais: é pra lá que nós vamos agora! (Percebo uma agitação no grupo... mas que raios é essa rocha?)

Já demos meia volta na nossa montanha e estamos vendo o outro lado do Lago Titicaca. Deste lado não têm picos nevados ao fundo. E o sol brilha diferente. É como se fosse o lado adulto da ilha.

A nossa trilha já estava coberta pela sombra e eu começava a me preocupar: Será que vai dar tempo de ver o pôr do sol?

Chegamos ao primeiro portal. A partir daqui, os peregrinos, que vinham de todo o Império Inca, retiravam suas sandálias e pediam permissão ao sacerdote para entrar no templo da Rocha Sagrada e levar suas oferendas ao deus Sol. Ninguém podia entrar sem oferendas.

Eu não tirei meu tênis e nem tinha oferendas, mas não me sentia mais turista.

O guia nos contou que era muito difícil conseguir o sim do sacerdote e que haviam mais 6 portais (e, então, mais 6 sacerdotes) até a mesa de oferendas.

Eu praticamente podia rebobinar 500 anos ali e ver os índios abençoados carregando quilos de ouro e prata.

Mudando (mas nem tanto) de assunto. Vocês conhecem a história da Arca de Noé? A Bíblia conta que houve um dilúvio na Terra por 40 dias e 40 noites que encobriu até os mais altos montes do planeta. Noé deveria construir uma arca para abrigar uma espécie de cada ser vivo.

Absolutamente sem contato algum com a religião católica, os Incas acreditavam que depois de um dilúvio de 40 dias e 40 noites, somente a Rocha Sagrada ficou emersa. O que obrigou o deus Sol e o deus Lua a procurarem refúgio em duas crateras nesta rocha. Uma das evidências deste fato seriam as pegadas do Sol rumo à Rocha, gravadas até hoje lá.

Seguimos as pegadas do Sol e encontramos a Rocha Sagrada! Estavam à minha frente os abrigos do Sol e da Lua. Um em cima do outro.

Esta rocha é sagrada também porque a lenda diz que o Império Inca se originou ali, onde Manko Kapac, primeiro Inca, desceu num raio do céu até a rocha.

E é sagrada também porque eles acreditavam que uma das 3 forças que deram origem ao universo está armazenada dentro dela.

Esta foi a hora que tive certeza não ser mais turista, e sim, peregrina.

Uma das 3 forças criadoras de tudo está, no presente, ali dentro.

Em frente à Rocha, está a mesa de oferendas. Procuro alguma riqueza para ofertar. Abri minha caixinha de jóias e só vi uma pedra preciosa: a gratidão. O guia nos diz que quem tocar na Rocha e fizer um pedido, será atendido.

Toquei na Rocha Sagrada e as minhas lágrimas compulsivas foram instantâneas, me lavando por dentro e por fora. Eu não queria pedir nada. NADA. O que eu poderia pedir na vida depois de tantas graças abundantes? Talvez pudesse pedir desculpas por ser um ser humano tão cheio de falhas... Mas para ser humano é preciso ter falhas. Enfim, ofereci a gratidão. Com toda a minha força. Com todo o meu amor. Com todo o meu Ser.

Agradeci tanto que as minhas células vibraram pulsantes cheias de energia e paz.

Eu não merecia estar ali. Tenho plena certeza disso. E foi assim que descobri que não estávamos ali por nossa conta. Alguém ia conosco e tornava tudo mais fácil e colorido. Tudo certo, como se tivesse andando à nossa frente e resolvendo por nós.

“Recite poesias, palavras de um Rei: FAÇA POR ONDE QUE EU TE AJUDAREI.”

:)

quarta-feira, 4 de março de 2009

19º Dia - 17/2 - La Paz - Bolívia

Hoje foi engraçado!

O Túlio queria ver o Chacaltaya. Montanha nevada com mais de 5 mil metros de altura. Uau! Fechamos o passeio por 100 bolivianos cada.

De manhã, prontos pra sair, a agência cancela o passeio. PUTZ! Fomos até lá e conseguimos em outra. Maaaaaaas, o Túlio já tava curtindo a idéia de ir de táxi e foi perguntar quanto era. 50 bolivianos (muito estranho meu caro Watson....). Então tá, agradecemos à agência e decidimos ir por nossa conta que ficaria bem mais barato.

A cidade é um caos total! Pra que semáforo quando se tem uma buzina, não é mesmo minha gente?

É como se fosse uma favela invertida. Estão todos num buraco. A cidade alta é a mais pobre. Na cidade baixa, o centro é classe média e a zona sul são os poderosos magnatas.

Ficamos no centro.

Voltando ao passeio, decidimos voltar a ter dias de reis! Ah como é bom voltar à Bolívia e pagar 5 reais num café da manhã chique! Desayunamos e fomos pegar o táxi pro Chacaltaya.

_ Hola! Cuanto és para el Cerro Chacaltaya?
_ Hola! 400 bolivianos!
_ Ah si....... Gracias!

Oi???? De 50 para 400 bolivianos??? Derrubaram a muralha da China enquanto tomávamos café da manhã!

Outro, e outro, e outro. Todos na mesma! 400, 350, 400 bs!

Muito engraçada a cara do Túlio!

Desistimos e fomos à rua das bruxas! Mas antes disso, conseguimos finalmente convencer um taxista a fazer por 200 bolivianos e não quisemos ir. Mas o Túlio tinha que conseguir! Questão de honra.

A rua das bruxas é bizarra! Elas vendem amuletos, carcaças de sapo, fetos de lhamas, pozinhos estranhos, sóis e luas.

A tarde vimos a parte rica! Um ipod por 700 dólares! Alou??? Sequestraram o Obama agora!!!

Até que achamos a Fair Play, loja de artigos esportivos, onde decidimos contrabandear bolas ao Brasil.

O resultado desta tarde vocês verão na parede do meu quarto (mãe, não se desespere, está tudo sob controle).

IMPORTANTE: tudo que foi escrito neste port é mera brincadeira e zelamos pela ordem e progresso do nosso país, pelo bem estar de Barack Obama e pela plena estabilidade da Grande Muralha.

18º Dia - 16/2 - La Paz - Bolívia

Uau! Depois do Peru, reencaixamos a Bolívia! La Paz, aí vamos nós!

Hoje é dia 16 de fevereiro. Sai o resultado do vestibular às 17h, em Brasília.

Éram 22h30 quando saímos de Arequipa (ontem) a Puno. Chegamos às 5h30 e às 8h fomos à La Paz. No meio do caminho, vimos o Lago Titicaca, mas quando voltarmos eu falo sobre ele.

$: Arequipa - Puno, bus cama, 30 soles;
Puno - La Paz, bus semi cama, 25 soles;
Copacabana (onde paramos para almoçar), cidade exploradora, cobra 1 boliviano para os turistas respirarem seu ar.

Enfim, chegamos em La Paz às 17h, horário local. O hostel é limpo e aconchegante só com o inconveniente de uma escadaria de 3 andares... 50 bolivianos o casal. É na rua Yanacocha e chama-se Señorial. Muy bueno.

Tá, tá, tá! Eu sei que já passou da hora de sair o resultado. Mas a dúvida estava tão confortante...

O Túlio me obrigou a achar uma internet... E eu passei!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! \\o//

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA que vontade de gritar!!!!!!

Que alívio. Que felicidade! Que alívio!

Mas nada de bebemorar, porque minha barriga deu sinal de stress e não tá legal... hehehe.

ps: pra quem não sabe, eu estava mudando de curso, e agora, MUDEI!

17º Dia - 15/2 - Arequipa - Peru

Lembram-se de Júlio Cesar? Não o romano (que, por sinal, não foi imperador...). O gaúcho! O conhecemos em Bonito-RS e eles nos trouxe até aqui.

A mudança de roteiro era que íamos a La Paz depois do Atacama, e viemos pra cá. Talvez dê para encaixar La Paz, mas preferimos trocar e encaixar o Peru (desculpem... não aguentei segurar a piadinha...).

Voltando! Nosso novo grupo é formado por um casal de italiaaaaaaaanos, uma japonesa, um casal de peruanos, nós, o motorista e a guia.

Visita aqui e ali... Tira foto... (prometo que posto logo todas as fotos) Mas eu estava mesmo esperando era o cânion!

O Vale do Colca é lindo também! O rio passa lá embaixo e as montanhas ao lado são cortadas para agricultura.

Bucólico!

Nos prometeram ver Condores voando no cânion. O Condor é a maior ave que voa, com 3m de envergadura (de asa a asa) e 1,5m de altura! UAU! Deve ser lindo mesmo, porque o único que vimos era pequeno ainda e fabuloso, mas tristemente preso. Cobravam alguns soles para tirar foto com ele no seu ombro. Triste.

Ao chegar à Cruz del Condor, mirante principal para o cânion, qual não é a nossa surpresa quando está tudo, absolutamente tudo, coberto por uma espessa neblina!

AAAAAAAHHHHHHHHHHH! Que princípio de indignação! Mas, revolta controlada, levei aquele papo esperto com San Pedrino e esperei. Acho que ninguém mais tinha esperança, mas eu esperei.

Sentei na beira da nuvem. Uma tela em branco. Ouvíamos o barulho do rio láááááááááá embaixo. Sabíamos que o maior cânion do mundo estava bem na nossa frente. E só víamos uma grande tela branca.

Pedi de novo. Dessa vez apelei à Nossa boa mãezinha do céu. Ah! Papo de mulher. Sensibilidade. Paisagem bonita. Poxa, dá uma ajudinha a São Pedro?!

Eis que o topo da montanha a nossa frente (acho que há uns 20m) aponta. Foi um alvoroço. E eu sentadinha sorrindo e agradecendo.

Aos poucos o cânion foi descortinando-se para nós. Como uma obra de arte travessa que brinca com a nossa imaginação.

O topo do outro lado tinha neve. Ao fundo, passava mesmo um rio. Um estreito com 2 mil metros de profundidade neste ponto, porque o cânion passa dos 4 mil.

Sensacional!

Júlio Cesar, agradecemos de coração por nos trazer até aqui! =)

terça-feira, 3 de março de 2009

16º Dia - 14/2 - Arequipa - Peru

É só pisar num terminal rodoviário que começa a gritaria: TACNA TACNA TACNA CHOCLO CON QUESO TACNA TACNA!



Neste caso, chegamos em Arica às 7h e o destino era cruzar a fronteira, indo à Tacna-Peru, e depois Arequipa.



Ligamo o modo "desconfie de tudo e de todos" e saímos da enrascada de 18 mil pesos à Arequipa para 4 mil :)



obs: Ônibus fora do terminal por 1,5 mil + Tacna-Arequipa por 2,5 mil (equivalente).



Chegamos à terra do Sol. Já devem ter percebido que eu sou fascinada pelo Sol e toda sua energia, né? Imaginem o que é estar num país onde até a moeda chama-se SOL! UAAAAA!



Cambiamos 1 dólar por 3,2 soles. E 1 sol é mais ou menos 0,8 reais. Ou seja, estamos em casa.

Chegamos em Arequipa às 16h (já me perdi nos fusos... mas acho que são 2h a menos que o Brasil).

O hostel, Mollendo, foi 50 soles nós dois com banheiro privado!

A cidade é encantadora! Me conquistou. Tem uma praça grande, com catedral, cercada por arcos, bancos, fonte no centro, luzes e os enfeites do Dia de San Valentin, traduzindo, Dia dos Namorados!

Só no Brasil que 12 de junho é o dia dos namorados. São Valentin era um bispo cristão que casava os casais apaixonados em segredo, pois o imperador (em 270 dC) havia proíbido o casamento alegando que soldados solteiros eram mais focados e dedicados.

Dia 14 de fevereiro foi o dia em que São Valentin foi assassinado. Séculos depois, a Igreja ressucita essa história e estabelece que esse dia é o dia dos amantes (para acabar com os ritos de adoração ao deus do amor).

Já no Brasil, 14 de fevereiro é muito perto do carnaval e as pessoas estão sem dinheiro. Maio, dia das mães. Agosto, dia dos pais. Outubro, dia das crianças. Dezembro, natal.

É, sobrou tentar Junho pro dia dos namorados e ver se cola. E não é que deu certo? Esse é o segundo dia de maior faturamento das lojas, precedido apenas pelo dia do nascimento de Cristo, claro, em que as lojas de bebês devem lucrar horrores......... Viva o capitalismo e todo o seu simbolismo!

Enfim... trocamos bolos e frapês para comemorar e ainda ganhei uma rosa e um balão!

ps: Vamos acordar às 2h da manhã para fazer o passeio do Cañon del Colca, maior cânion do mundo ($: 70 soles por pessoa com café da manhã, traslado e guia).

15º Dia - 13/2 - San Pedro de Atacama

Manchete do dia: Turistas brasileiros capotam... na cama!

Pense em duas pessoas esgotadas. Pensem em nós dois sem nem pilha reserva. Tudo se foi.

Hoje, graças ao bom Senhor, fizemos nada! :)

Dia default... Acordar tarde, almoçar, ir a museus, jogar baralho na pracinha, comer de novo e pé na estrada.

Hoje saímos à Arica, fronteira norte do Chile com Peru (bus semi-cama por 27 dólares, pela TurBus).

Acharam que o post ía terminar sem grandes emoções? Enganaram-se!

Não estou falando da indignação com os espanhóis que o Museu Arqueológico implantou em nós. Um povo inteiro dizimado pela soberba européia. Mas isso é assunto para mais tarde...

O grand finale foi no ônibus à Calama (conexão para Arica).

Saímos às 19h30 da estação e, por arranjo divino (não tenho dúvidas), nossos lugares eram do lado que contemplava o pôr do sol.

Se o de ontem foi fantástico, este foi _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ !!!

Foram quase 2h do pores do sol.

O primeiro, estávamos embaixo e pudemos ver as paisagens mudando ao mesmo tempo que o sol descia.

O segundo (sim, vimos dois no mesmo dia), havíamos subido tanto que de repente o sol voltou! Levei um susto! Corre corre pra pegar a máquina de novo e nesse momento o meu coração esqueceu de bater.

A única coisa que me vinha à mente era "obrigada Senhor por me proporcionar tamanha alegria".

Foi o pôr do sol mais magnífico que já vi em toda a minha vida!

É claro que chorei. Todo mundo viu. Mas chorei.

14º Dia - 12/2 - Bolívia/Chile

Bom dia flor do dia!

Acordamos muito bem humorados às 4h30 da manhã para continuar apreciando a humildade das paisagens.

Dessa vez o alvo não eram vulcões, eram gêiseres!

Apesar de fascinantes, parecem uma janelinha para o inferno. Lagos borbulhantes de lama e enxofre, jatos de água e vapor, neblina e fumaça que vinham debaixo dos nossos pés.

Se não fosse o nascer do sol e a sensação inexplicável de presenciar a força do interior da Terra, poderia jurar (ou prometer) que era um filme de terror.

A paisagem muda às 6h30, quando chegamos às piscinas naturais de águas termais. Aqui sim! Paraíso perfeito.

O sol já havia nascido e refletia um brilho lindo nas largas lagoas.

Éramos nós, água quente (+- 30 a 35°C) e a coragem de tirar os 3 casacos, luvas, meias, 2 calças, cachecol e encarar, de roupinha de banho, os 4m da mochila à piscina.

TSSSSSSSSSSSSS foi o barulho que fez quando entramos.

Isso tudo antes do café da manhã... Aguentem firmes porque o dia foi longo e imperdível.

Eu já disse o motivo pelo qual todos queriam raptar a Nena?

PANQUECAS no café da manhã!!! UAAAAAAAAAAAAAU! Enquanto os outros grupos comiam o que restou do pacote de pão de forma de ontem, nós nos deliciávamos com panquecas, marmelada, doce de leite, chocolate quente, chá e café!

É ou não é digna de ser sequestrada a nossa Nena? ;)

Não vou me estender nessa outra parte. Laguna verde aos pés de outro vulcão, deserto de Salvador Dali, raposas, fronteira tripla (Argentina, Bolívia e Chile) e mais um até breve aos nossos coleguinhas Toddynho (companheiros de aventura).

Agora estamos no Chile! Foi só cruzar a fronteira e o cascalho se transformou em asfalto. Mágica!
Estamos indo a San Pedro de Atacama, um oásis no meio do deserto mais seco do mundo - Deserto de Atacama (mais pra frente eu falo sobre ele).

O fim da estrada de terra significou o fim da vida de rei. De 1 dólar = 7 bolivianos, fomos pra 1 dólar = 600 pesos chilenos (obs: uma água é 900 pesos).

AAAAAAh! Que choque cultural. Já tinha esquecido que prestadores de serviço também sabem sorrir. Aqui tudo é caro e todos são solícitos e felizes.

Já pseudo adaptados, achamos um hostel por 6 mil pesos por pessoa. Uma bagatela pra realidade local.

Desmochilados, fomos à caça aos passeios pelo deserto, que, por sinal, eu sempre quis conhecer.

Os pacotes incluíam gêiseres, lagunas coloridas, vulcões, águas quentes e um salar chileno. Putz! Já vimos tudo! Será que não valeu a pena ter vindo pra cá?

Bom... A esperança tarda mas não falha. Reanimados depois do almoço, fechamos o passeio ao Vale da Lua por 6 mil pesos cada.

QUE LUGAR É ESSE?????????????

Não! Ow! É absurdamente diferente de tudo que já vimos! O maxilar, já cansado, não segurava mais o queixo.

Por uma trilha, éramos seguidos por dunas de um lado e um abismo rochoso do outro.

Pausa pra falar do Deserto de Atacama: É tão seco que os que morrem viram múmias. O sal, o ar seco, e o frio evitam a decomposição (é o único lugar do mundo onde se registrou umidade do ar 0). O céu do Atacama é tão límpido que permite ver a via Láctea em todo o seu esplendor. Para ter uma idéia, um consórcio de 9 países investiu uma grande soma de dinheiro para construir aqui o maior observatório astronômico do planeta. Suas lentes são capazes de focar um homem caminhando na superfície lunar.

Até que, finalmente, o dia chegava ao fim. Subimos outra duna para. de lá de cima, ver o sol de esconder e deixar as sombras dançarem pelo deserto. O céu foi pintado de alaranjado. Um horizonte inteiro alaranjado. É claro que eu chorei. Ninguém viu, mas chorei.

13º Dia - 11/2 - Cordilheira dos Andes

A expedição é mais ou menos assim:

- revezamos o banco do co-piloto e o de trás (porque o de trás do de trás é muito trash);
- em coro, dizemos quase a todo momento: UAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAU! (o que faz a Nena rir sempre);
- todos querem roubar a Nena e levá-la pra casa;
- tomar banho não é uma opção e salvem os lencinhos umedecidos (gente que palavra feia...).

O roteiro humilde iniciava-se com a observação de um vulcão ativo (não em erupção) e suas fumarolas.

Depois, algumas lagunas com flamingos, que são mesmo cor-de-rosa.

Almoçamos por lá mesmo, onde eu tinha certeza que estava dentro de um quadro!

Vimos Lhamas, Alpacas, Ovelhas e Vicunhas.

A trilha segue rumo às alturas (ultrapassa os 4500m) pelo Pampa Siloli - deserto formado por cinzas vulcânicas - onde encontramos a surreal Arbol de Piedra (rocha esculpida pelo vento).

Por fim, a Laguna Colorada. Suas águas vermelhas mudam de intensidade de cor durante o dia pelos pigmentos de uma alga que habita a parte mais rasa.

Ah! Como passamos por tudo isso?

"Na 4x4 a gente zoa..."

Uma LandCruiser com tração nas 4 rodas que desafia a Cordilheira. O momento ápice do trajeto foi quando o Rubem (motorista) parou o carro, ligou a 4x4 e saiu da estradinha escalando as montanhas!

UAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAU!

$: 30 bolivianos pra ingressar na reserva da Laguna Colorada e continuar o passeio amanhã (nenhuma agência inclui os boletos de entrada no pacote).

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

12º Dia - 10/2 - Uyuni

Viva la aventura!!!

Saímos ontem às 19h rumo a Uyuni, berço do maior deserto de sal do mundo!

O ônibus mais parecia um carro alegórico contando com poltronas apertadas, cheiro de frango e milho e músicas altas andinas. (passagem: Bs 20).

Detalhe interessante: paramos de madrugada no meio da estrada em mais uma biboca e SEM banheiro. Desnorteados, nos serviram uma canja por 4 bolivianos (1,30 reais) que engolimos e evaporamos do lugar. Chegamos 1h da manha em Uyuni e o dormimos no próprio ônibus até de manha.

Agora começa a aventura! Uaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa acho que preciso usar aquela palavra do abismo pra começar a descrever o Salar (deserto de sal).

Antes, as negociaçoes: se vc estiver vindo pra cá, saiba TUDO antes. A Bolívia é o país mais enrolador que já vi (tudo bem que nao conheço tantos países assim.... mas putz!!!!!!!!).
Descemos do bus e os "agentes de turismo" nos puxavam pelo braço, literalmente. Lindo. Imaginem o bom humor. =D
Enfim, fechamos com a Juliet Tours por 490 bolivianos (70 dólares), os três dias de excursao, alimentaçao, carro 4x4, hospedagem (com direito a hotel de sal) e só 6 pessoas no carro (mais o motorista e a Nena cozinheira fofa).

Queria ter as fotos aqui.......................

Imaginem o mar. Agora se imaginem no meio do grande oceano azul. Agora pensem que ele é branco e que reflete o céu como um espelho.

Tá. Talvez vocês tenham alguma idéia do que vimos.

Essa foi a paisagem de boas vindas! Depois entramos mais no Salar e ele estava seco. Branco por todos os lados numa planície enorme. Até que chegamos numa ilha (cercada por 120m de profundidade de puro sal) com cactus gigantes. hehehhehe Prometo que nao é piada!

Tiramos várias fotos em perspectiva, almoçamos Quinua (cereal que creçe aos pés da Cordilheira dos Andes) com frango. Ah! Vimos o por-do-sol lá mesmo com direito a brinde de cuba-libre que brotou com uns colegas franceses de outro carro.

=)

A noite, dormimos no hotel de sal. Até a cama é feita de sal.

ps: nosso grupo é excelente! Eu, Túlio, Paquito (francês), Sam e Isaac (australianos) e Tomomi (japonesa surda e muda), Nena e Chofer (bolivianos)

Hasta mañana!

11º Dia - 9/2 - Potosí

Fomos às minas de prata hoje. Acho que dessa vez pudemos sentir o que é a Bolívia. O ar já faz falta, a dor de cabeça é constante, escovar os dentes é uma tarefa cansativa que merece preparaçao e tempo.

O banho, por outro lado, foi o melhor! Chuveirao com água quente no hostel por apenas 15 bolivianos (cada).

No passeio às minas conhecemos Chaske, o guia ex-minerador que trabalhou por 1 ano e 8 meses nas minas para pagar a fazuldade. Hoje faz turismo, fala Quechua (língua indígena local), Espanhou e está aprendendo Inglês.

Ele nos apresentou a famosa Hoja de Coca (que no és cocaína), a qual nos salvou do mal da montanha.

Curiosidade: Sabiam que a folha de coca nao é para mascar? É para picchar: armazenar entre os dentes e a bochecha, sugando o suco.

Depois de picchar muitas bondosas folhinhas e comprar um agrado aos mineradores que visitaríamos, seguimos rumo à mina.

Os mineradores têm expectativa de vida de 45 anos, trabalham a até 1000m de profundidade, andam curvados nos corredores, respiram gases tóxicos a uma temperatura de 35º a 40ºC e ganham 1% por tonelada de minérios que tiram.

Escolhem isso porque dizem ser o trabalho mais fácil que há (me pergunto o que é, entao, vigiar carros no setor comercial...).

Foram 4h dentro da mina. Ficamos no primeiro nível (térreo) e ainda assim sentimos os efeitos claustrofóbicos.

Chaske nos contou histórias dos mineradores, da Pacha Mama (Mae Terra) e do Tio da Mina (espécie de entidade protetora das minas).

Foi uma experiência bastante real e, apesar do mal estar, valeu toda a pena.

Obs: Passeio minas: Bs 50 (bolivianos)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

10º Dia - 8/2 - Potosí

Hola chicos!

Chegamos hoje às 9h em Sucre, cidade que divide o título de capital da Bolívia com La Paz. O Bus era o que esperávamos, nada demais e sin baño. Dessa vez, bem mais fácil a comunicaçao com o pessoal na rodoviária.

Depois do desayuno em um café super charmoso com direito a Salteñas (Sucre é famosa pelas salteñas) e chocolate caliente, compramos a passagem por 15 bolivianos pra Potosí.

Patosí: a cidade mais alta do mundo!

Estamos a 4100m de altitude. Ainda nao estamos sofrendo do mal da montanha, mas já da pra sentir a dificuldade pra respirar.

Potosí é também famosa pelas suas minas de prata. Já chegou a abrigar 160 mil pessoas e ser a maior mineradora de prata do mundo. Daí, como conhecemos bem a historinha, os europeus vieram e destruiram tudo.

Hoje só uma 9 mil pessoas vivem aqui e está tudo em ruinas.

Amanha faremos passeios às minas e às igrejas.

Beijos a todos!

Cá e Túlio

sábado, 7 de fevereiro de 2009

9º Dia - Santa Cruz de La Sierra

Hola Chicos!

Tudo certo até agora. A viagem foi excelente!

As impressoes da Bolívia contamos depois. O tempo de internet chega ao fim e o nosso Bus sai daqui 1h.

Compramos passagem pra Sucre por 60 bolivianos (uns 20 reais). Uma sensaçao de carnaval de salvador tentando comprar abadá no aeroclube. Todas as empresas falando que a outra estava mentindo. Até que depois de 1h a gente pegou a manha (espero...). Já até dava pra saber o que realmente é provido na viagem. Veremos se fizemos a melhor opçao amanha! heheh

Tomamos banho numa biboca que minha mae nao passaria nem do outro lado da rua e almoçamos no lugar fino da cidade! Famílias indo lá pro almoço de sábado! 50 bolivianos o prato para duas pessoas.

É isso ae! O calor voltou!

Beijos

ps: Hoje é niver da minha prima Renata! RÊ!!!! Parabéns!!! =)

8º Dia - 6/2 - Ida pra Bolìvia

Olá!

Sem muitas histórias hoje... Fomos até o Buraco das Piranhas e de lá tomamos um ônibus para Corumbá.

Ah! Tem uma história: cruzamos a fronteira ilegalmente sem saber e tivemos que voltar... (Nunca sigam o caminho que dizem ser o mais "fácil")

Sem problemas com imigraçao, cartao internacional de vacina, calor de derreter, zona franca de Puerto Suarez (Absolut por 8 dólares), calor calor calor e muuuuito calor!

Subimos no trem rumo a Santa Cruz de la Sierra. Foi ótimo! Ar condicionado, jantar e café da manha, 12h de viagem e a poltrona altamente reclinável. Este foi o Ferrobus, 80 reais (mais os 60 reais de comissao do Bonito Hostel que comprou pra gente com antecedencia).

:)

7º Dia - 5/2 Pantanal

Esse foi o melhor dia!!!

De manha, saímos num barco só com as máquinas e litros de repelente.

O rio era cheio cheio cheio de piranhas e jacarés (detalhe: o Túlio mergulhou lá...).

Chegamos bem perto de vários jacarés. Vimos pássaros lindos. E de repente, nao mais que de repente.... Vimos a famosa Onça Pintada! Foram uns 5 segundos, mas deu pra ver! Eles falam que conseguir ver a onça é quase como ganhar na loteria. Muito difícil! Entao, imaginem a felicidade! hehehe

Na volta, ainda vimos Tuiuiús, veadinhos saltitantes (eles saltam de verdade!!!), mais jacarés, etc...

Depois do almoço e de derreter no calor local (42º na sombra), fomos ao Safari!

UAAAAAAAAAAAAAAAAA! Muito irado! Recomendo a todos os brasileiros corajosos! Nos enfiamos no meio do mangue/pântano seguindo nosso guia, um índio com nome de Piraputanga - absurdamente engraçado e marrento. Ele nao tinha dó de ninguém nao. Falava: estamos aqui pra caçar cobras, entao se vcs pisarem em alguma, me avisem! Pq é isso que a gente quer!

A lama chegava ao joelho! E tava MUITO quente! Daí, caminhando calmamente, vimos jacarés a menos de 3m de nós! Uaaaaaa mto legal!

A paisagem mudava a cada passo! Passamos por meio de florestas, campos, mangues! Lindo demais!

Nao achamos a cobra, mas vimos quatis, capivaras, catetos e outras aves que já nao lembro o nome.

No fim do dia, já cansados de espantar os mosquitos (só eu contei 98 picadas em mim), o Piraputanga nos apresenta o Genipapo dizendo que espantaria os benditos picantes. Na verdade, nao espanta nada e estamos com o dedo azul até hoje (Sábado).

De noite, jogamos baralho e jantamos pela última vez a comida deliciosa da Dona Regina!

Até mais!

6º Dia - 4/2 Pantanal

Oie!

Mas entao (nao sei onde é o til nesse teclado):

Fechamos a conta no Hostel: 1024,00 pra cada. Ficou até mais barato do que pensávamos. Fizemos todos os passeios que queríamos. Ah! Dica boa é fazer a carteirinha de alberguista. Vários descontos! :) (nossa conta ficou altinha pelo Abismo-Anhumas, que foi 460 com o mergulho).

Depois, saímos cedo rumo ao Pantanal! Aeeeeeeeeeee!!!

Chegamos de van: eu, Túlio, Holly e Meika no Buraco das Piranhas. De lá, seguimos ao camping numa 4x4.

O pacote com transporte ida e volta, 5 passeios pelo pantanal, estada e alimentaçao saiu por 300 reais. Fechamos no Bonito Hostel mesmo.

O camping é uma graça e escolhemos dormir em redes! Huhuhuh muito agito! Me acostumei em minutos! Bom demais e ainda dá pra ver o céu enquanto a rede te nina...

Bom, nesse dia fizemos a caminhada e vimos araras azuis, macacos prego e bugio.

Lindos todos! Ainda fizemos amizade com o povo de lá.

Na verdade, só tínhamos nós de brasileiros. Nós e os guias. O restante era gringo. Eles dizem que brasileiros nao gostam de ficar no camping......... ¬¬

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

5º Dia - 3/2 - Bonito



Quando a lagarta precisa voar, ela se transforma em borboleta e voa. Se a borboleta não voar, por que então lhes foram dadas as asas?

Quando o homem cresce, precisa viajar. Se não, por que lhes foram dadas as pernas, carros, aviões e milhas da TAM?

Foi por aí que decidimos voar; e foram pelas milhas compradas do "Bitoca" que eu, Camila, estou aqui.

Na verdade só descobrimos o apelido do Bitoca depois. Quando, na arte de conhecer pessoas, conhecemos o Vítor (Passo Fundo-RS), que é tri amigo do tal "Bitoca", o qual trabalha ao lado do Túlio em Brasília. Os dois tinham feito quase a mesma viagem que nós, só que num Kadet.

Como a boa arte precisa ser sempre apreciada e estimulada, conhecemos também o Júlio Cézar. tio do Vítor, e que já mudou nosso roteiro umas três vezes. Os casais: Fernanda e Luciano (RS), Paulo e Betania (SP), um israelense e um belga (não casal - com quem discuti sobre a crise da Argentina, descolamento de retina e a invasão dos produtos chineses no mercado mundial), o australiano de sempre, ingleses, holandesa, dinamarqueses, mais brasileiros e a clone da minha Tia Célia (Espaço especial pro Seu Ivanildo, nosso fiel taxista).

Nossa bagagem leva todos vocês e os simples e preciosos momentos que compartilhamos juntos. A todos, até breve e um sincero abraço!

ps: Programação inicial do dia: Gruta Lago Azul, Grutas de São Miguel e, finalmente, relaxar o corpo no Balneário Municipal (livros, cervejinha, água bonita).

Resumo final do dia: Gruta Lago Azul, Grutas de São Miguel e... Quem disse que conseguimos relaxar o corpo fazendo "nada"? De tarde, fomos seduzidos pela água limpa (cansei de escrever cristalina, translúcida), vegetação exuberante e peixes fáceis do Aquário Natural.

Tchau Bonito e nos vemos no Pantanal amanhã! ;)

4º Dia - 2/2 - Bonito

Hoje foi o dia em que descobrimos o significado da palavra "abismado".



Quem criou esse termo com certeza o fez na incompetência dos outros já existentes para descrever a experiência de descer num abismo.



Não que seja culpa do pobre "maravilhoso", "fantástico" ou "estonteante"... Mas nenhum deles descreve, nem de longe, a maior aventura do Brasil, e das nossas singelas vidas.



ABISMO-ANHUMAS, BONITO-MS, BRASIL.



1/2

19h00: Tudo começa num treinamento de Rapel/Ascenção no dia anterior. Sete metros muito fáceis e mentirosos (in-door), depois prova da justíssima roupa de mergulho;



2/2

6h20: Toca o despertador e já vamos separando a máscara (hoje sem snorkel) e um sandubinha;



7h40: Chegamos, eu, Túlio e Jeremy, na boca do Abismo-Anhumas. A partir desse momento tomamos chá de adrenalina e pura felicidade;



8h10: Começamos a descida por Rapel da estreita entrada (0,5m x 1m) dos 72m da plataforma flutuante lá embaixo;



8h15: Com as perninhas tremendo e o cabide na boca, olhamos abismados pro único abismo do Brasil, maior do mundo.



_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ !!! (Palavra que ainda vamos inventar...)



Sem explicação o lugar. Estalactites, estalagmites, cones, água cristalina com visibilidade de 30m, sombras, silêncio e paz. Tudo o que pedi na virada do ano;

8h30: Passeio de bote default. Formação de 300 milhões de anos, maior cone encontrado em caverna (19m), ossadas de animais, lambaris que vieram no bico de uma coruja;

9h00: Nosso mergulho autônomo até 19m. AAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Não quero escrever sobre esse momento. As palavras empobreceriam a recordação. Permitam-me dizer que ficamos profundamente abismados;)

9h40: Subimos do mergulho e um raio de sol entrava pela maior cavidade da caverna. Lanchinho e abismamento por mais de 2h;

12h00: Subida pela mesma corda do rapel. Algumas brincadeiras de iô-iô humano, queimaduras de corda no tornozelo, arranhões numas pedras e a expressão de felicidade mais genuína que já sentimos. Conseguimos e foi _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _!

17h00: Quebramos o silêncio. Até pensar doía. Perfeito. Daí foi contar o caso pros nossos novos colegas alberguistas.

A noite só acabou depois de experimentarmos Jacaré, Pacú, Pintado. Todos muito bons!

Boa noite! :)

3º Dia - 1/2 Bonito

O início do dia foi no Rio da Prata. Fechamos uma van do albergue com 14 pessoas. A maioria bem otimista. Começou a chover na hora que íamos entrar na trilha. Todos com roupa de neoprene (quente pra burro) e o céu desabando. Eu pensei com meus botões: São Pedro, essa chuva é só pra gente não sufocar, certo? Chegando no rio o sol abre, pode ser? (Tudo bem que já sabia que criaria outro cenário em que a chuva seria bem vinda... Vamos ficar chorando as pitangas só porque não saiu como o planejado?).

O bom é que parou! :)

O passeio foi lindo! Milhões de peixes. A gente quase pedia licensa para passar. Dourados, Angelinas Jolies, Pacús, Tucanos, brigas de vaqueiro (nós torcendo para a vaca, lógico), coruja, papagaios... Cada qual no seu habitat.

Fizemos amizade com o guia malandro e a noite foi um churrasco na casa dele. O que rendeu muitas risadas, nenhuma cerveja (o mergulho é amanhã) e uma possível mudança no roteiro peruano...

É isso aí! Amanhã teremos grandes novidades!

Beijos Cá e Túlio

sábado, 31 de janeiro de 2009

2º Dia

31/jan

Hoje sim. A partir de hoje já nos consideramos mochileiros! A viagem nem começou e já podemos dizer que valeu a pena!

Na linha dos "eu sempre quis...", hoje aconteceu outro, "Eu sempre quis voar"!

Chegamos na rodoviária às 6h50 e desembolsamos 55 reais, cada, para nosso ticket da alegria! O trecho Campo Grande - Bonito é bem diferente das estradas pelo cerrado. As árvores não têm problemas de coluna.

Chegando em Bonito, conhecemos o Jeremy - Australiano de Perth- e ele virou nossa malinha. Já combinamos todos os passeios juntos e o Túlio e ele batem altos papos (segundo o Túlio, ele explicou tudo sobre as meninas australianas e bolivianas, pra minha sorte, as brasileiras sempre ganham! ;).

Fomos já pro albergue - Bonito Hostel. Aqui me sinto em casa. Toca reagge o dia inteiro. As pessoas sentam no chão, em cima da mesa, se alongam no meio da recepção... E ninguém está nem aí.

Almoçamos e agendamos nosso passeio ao maior bunge-jump da América Latina!!! (Brincadeira Mãe...) Agendamos nosso passeio ao rio com a terceira água doce mais cristalina do mundo - Rio Sucuri. Foi lá que voamos junto com todos os outros peixinhos.

O fundo do rio é cheio de caramujos e calcário, o que provoca a intensa decantação e - sem partículas dispersas - a água é translúcida. Juro! (Juro não, prometo!) Ela é invisível! Nem nas fotos ela saiu. Só sai o fundo!

A sensação é indescritível. Flutuamos rio abaixo por mais de 2km. Desde a nascente, até ele desembocar no Rio Formoso - mais importante rio da região, com 120km.

Isso sim é sustentabilidade. Somos parte equilibrada da fantástica mãe natureza. Isso sim é Bonito!

Até amanhã,

Cá e Túlio

ps: aos interessados, hoje acaba a alta temporada. Dividimos um táxi e saiu 15 reais pra cada + 107 do passeio (sem almoço). Amanhã os preços abaixam e, como fizemos carteirinha do hostel, mais descontos!!!

1º Dia

30/jan

Aqui começa nossa jornada!

Saímos de Brasília rumo à Campo Grande-MS, com conexão em Cuiabá-MT (onde chegamos com 2 horas de antecedência e quase perdemos o vôo...).

Sem muito pra contar, estou apanhando da mochila (Mãe, não briga comigo) e dormimos num "hotel" em frente à rodoviária que mais parecia um prostíbulo (Pai, não briga com o Túlio).

Enfim, comemos na churrascaria da dona gaúcha (que esqueci o nome), mas não tinha churrasco.

Os gastos estão abaixo do esperado, o que significa que o Pantanal está cada vez mais possível! \\o//

Tê, não existem mais vans que fazem Campo Grande - Bonito. Tivemos que ir de ônibus mesmo.

Aliás, nesse dia a gente ainda não sabia disso... Finge que contei amanhã!

Boa noite!

Cá e Túlio

Pré-viagem

Oi pessoilas!

Tudo começou, há um tempo atrás, na ilhaaaaa do sooool! (ok, já parei)

Tudo começou há três semanas! Estávamos procurando destinos por esse Brasil para passar alguns dias de férias, quando surge a luz: que tal Bonito-MS e Pantanal? Nóóóóóó! Sensacional! Sempre quis conhecer os dois lugares... De um comentário casual - Ah, o Pantanal é em Corumbá-MS, fronteira com a Bolívia, (...) - nem ouvi o restante. FRONTEIRA COM A BOLÍVIA! Uau! Que pertinho! Que tentação! E com quem a Bolívia faz fronteira (viva as aulas de geografia)??? Peru!!! Machu Picchu, Lago Titicaca! Sempre quis ir!

De algumas outras perguntas inocentes e uma extensão das férias de 10 dias para 30, cá estamos nós. Fazendo o que sempre quisemos fazer, viajar!

Pra onde? Isso nem nós sabemos! Acompanhem os posts e viajem com a gente!

Beijos